A verdade inconveniente do Brasil
Guilherme da Rocha Almeida e Valeria Falcão Barbosa
9 de novembro de 2011
Numa época em que no mundo todo, é crescente a preocupação com o meio ambiente. No momento em grande parte das discussões mundiais giram em torno dos impactos ambientais causados pelos homens. O Brasil, ou uma parcela dos políticos brasileiros que representam a população, parece caminhar no sentido oposto à preservação da natureza.
O Novo Código Florestal proposto pelo deputado Aldo Rebelo resultará na destruição de toda a flora e fauna brasileira. As mudanças nas leis, que por si só não garantem a preservação, neste novo código, instituem o desmatamento como via para o crescimento do país.
Os brasileiros já estão cansados de presenciar as consequências decorrentes da intervenção do homem no meio natural. O código florestal vigente, considerado como referência mundial, delimita e restringe muitas das situações de intervenção humana na natureza que observamos com frequência em nosso dia a dia. Se ele fosse respeitado, muitas tragédias poderiam ter sido evitadas. Deslizamentos decorrentes de ocupação irregular, enchentes que assolam as cidades todos os anos principalmente no verão, desastres que normalmente envolvem risco a vida de pessoas que nem sempre estão diretamente ligadas ao desrespeito à natureza.
De acordo com a nova proposta feita pelo deputado e aprovada com vergonhosa aceitação na câmara dos deputados, situações de desastres envolvendo vidas poderão ser mais comuns, além de que nela torna-se legal destruir grande parte de nossa exuberante floresta Amazônica.
Vários argumentos são utilizados pelo redator sendo que em alguns apresenta a floresta Amazônica como inibidora do crescimento do país e o desenvolvimento da região. Segundo seu relatório:
“Assim se apresenta o caso da conquista econômica da Amazônia: luta tenaz do homem contra a floresta e contra a água. Contra o excesso de vitalidade da floresta e contra a desordenada abundância da água dos seus rios. Água e floresta que parecem ter feito um pacto da natureza ecológica, para se apoderarem de todos os domínios da região. O homem tem que lutar de maneira constante contra esta floresta que superocupou todo o solo descoberto e que oprime e asfixia toda a fauna terrestre, inclusive o homem, sob o peso opressor de suas sombras densas, das densas copas verdes de seus milhares de espécimes vegetais, do denso bafo de sua transpiração. Enfim, contra todos os exageros e desmandos da água fazendo e desfazendo a terra”
Revoltar-se diante de tal argumentação, é inevitável. Uma vez que grande parte da população mundial já pode observar que o humano vem degradando a natureza de forma que não se enxerga inserido nela, apenas sente-se detentor de todo o recurso que o meio natural tem a oferecer. O resultado disso é o aumento nas temperaturas, poluição atmosférica que torna quase impossível a vivencia nas cidades, diminuição da fauna e da flora mundial, poluição das águas, aumento da temperatura e do nível do oceano, etc. Já é claro que todos esses problemas são causados pela manutenção dessa vida que nós humanos estamos levando. Mas será que temos o direito de agir como destruidores desse mundo? Não é possível pensar em vivermos em equilíbrio com o meio natural assim como as outras espécies de animais, afinal também somos animais?
Não sei exatamente em qual sentido a natureza, a floresta impede o crescimento do país, se é a sua própria existência, esse novo código prevê a derrubada de grande parte dela para abrir espaço à pecuária, à soja, à cana-de-açúcar, produção agrícola que dificilmente chegará à grande parte dos pratos da população brasileira, quiçá, ao próprio trabalhador agrícola que ainda é escravizado nos campos brasileiros.
O Brasil já pode observar o tombamento quase por inteiro da Mata Atlântica. Sua cobertura original estava presente em grande parte to litoral Brasileiro, cobria do Sul do país ao Nordeste. Hoje está restrita a alguns parques esparsos e lugares onde tornava-se inviável o cultivo de qualquer outra coisa, como a serra do mar em São Paulo. De sua cobertura original sobrou apenas 5%, todo esse território devastado foi destinado em sua época ao cultivo do café e da cana-de-açúcar, principalmente. Hoje muitas terras estão esquecidas e improdutivas no Vale do Paraíba, por exemplo. Ao visitar essas áreas tem-se a impressão de uma viagem a história, apenas, pois foi o que de fato restou.
Nesse contexto, podemos dizer que a história poderia nos ensinar algo. Mas ao deparar-se com tamanho desprezo a biodiversidade nacional, como essa nova proposta de Código Florestal, é incompreensível imaginar o que se passa nas cabeças de nossos governantes.
Os argumentos feitos pelo deputado Aldo Rebelo para a aprovação do código são muitos. E em sua maioria são negativos a preservação ambiental. Em um dos trechos relata que o atual código sufoca o pequeno agricultor que deve destinar grande quantia de suas terras cultiváveis à Reserva Legal, que seria uma área proporcional ao tamanho da propriedade em que a floresta nativa deve ser preservada. Considerando que pequeno produtor é aquele agricultor que possua terras de até 50 hectares, ou 50 campos de futebol. No novo código os pequenos produtores ficariam isentos de destinar parte de suas terras a preservação ambiental, sendo que o deputado considera pequeno produtor o agricultor que possua até 400 hectares, ou 400 campos de futebol.
Considerar que uma propriedade de 400 hectares é pequena propriedade chega a ser uma ofensa ao brasileiro. Uma vez que grande parte das terras brasileiras possuam até 400 hectares, veríamos nesse aspecto, grande parte da biodiversidade brasileira sucumbir. É evidente que o interesse de uma minoria poderosa brasileira está diretamente ligada a tal processo de mudança do código florestal. São os latifundiários que estão sufocados pela lei atual, latifundiários que possivelmente estão envolvidos com a aprovação do código e que estão envolvidos com a extração de madeiras nobres na região e com a morte de lideranças locais a favor da preservação. Esse crescimento e desenvolvimento da agricultura não irá atingir a população que passa fome. O problema da fome não está na produção de alimentos, uma vez que a produção brasileira seria capaz de alimentar os brasileiros mais de uma vez, o problema está na distribuição dos alimentos que não chega a quem deve chegar.
Outras propostas feita pelo novo código vão de encontro a preservação da biodiversidade brasileira. Como a diminuição da preservação das matas ciliares, aquelas no entorno dos rios e córregos d'água, elas são essenciais para garantir a integridade das águas contra os insumos agrícolas e para garantir contra o assoreamento dos cursos d'água. A nova proposta é a diminuição da largura dessas matas e inclusive poderá ser plantada na região árvores de eucaliptos, que não são nativas brasileiras, degrada o solo e pode ser explorada pelo produtor. A mata ciliar é essencial também para a preservação das nascentes que garantem água aos rios, a retirada da mata resultaria no desaparecimento do curso d'água.
Como dito anteriormente, as leis não garantem a preservação, isso é verdade uma vez que vemos diariamente as linhas avançadas de desmatamento na Amazônia. Principalmente nos estados do PA, MA, MT e AC, a fiscalização faz-se cega perante o quadro atual. Com o desmatamento instituído pelo novo código, a floresta que conhecemos viraria passado, abriria espaço para campos de soja, milho, cana-de-açúcar e a pecuária.
9 de novembro de 2011
Numa época em que no mundo todo, é crescente a preocupação com o meio ambiente. No momento em grande parte das discussões mundiais giram em torno dos impactos ambientais causados pelos homens. O Brasil, ou uma parcela dos políticos brasileiros que representam a população, parece caminhar no sentido oposto à preservação da natureza.
O Novo Código Florestal proposto pelo deputado Aldo Rebelo resultará na destruição de toda a flora e fauna brasileira. As mudanças nas leis, que por si só não garantem a preservação, neste novo código, instituem o desmatamento como via para o crescimento do país.
Os brasileiros já estão cansados de presenciar as consequências decorrentes da intervenção do homem no meio natural. O código florestal vigente, considerado como referência mundial, delimita e restringe muitas das situações de intervenção humana na natureza que observamos com frequência em nosso dia a dia. Se ele fosse respeitado, muitas tragédias poderiam ter sido evitadas. Deslizamentos decorrentes de ocupação irregular, enchentes que assolam as cidades todos os anos principalmente no verão, desastres que normalmente envolvem risco a vida de pessoas que nem sempre estão diretamente ligadas ao desrespeito à natureza.
De acordo com a nova proposta feita pelo deputado e aprovada com vergonhosa aceitação na câmara dos deputados, situações de desastres envolvendo vidas poderão ser mais comuns, além de que nela torna-se legal destruir grande parte de nossa exuberante floresta Amazônica.
Vários argumentos são utilizados pelo redator sendo que em alguns apresenta a floresta Amazônica como inibidora do crescimento do país e o desenvolvimento da região. Segundo seu relatório:
“Assim se apresenta o caso da conquista econômica da Amazônia: luta tenaz do homem contra a floresta e contra a água. Contra o excesso de vitalidade da floresta e contra a desordenada abundância da água dos seus rios. Água e floresta que parecem ter feito um pacto da natureza ecológica, para se apoderarem de todos os domínios da região. O homem tem que lutar de maneira constante contra esta floresta que superocupou todo o solo descoberto e que oprime e asfixia toda a fauna terrestre, inclusive o homem, sob o peso opressor de suas sombras densas, das densas copas verdes de seus milhares de espécimes vegetais, do denso bafo de sua transpiração. Enfim, contra todos os exageros e desmandos da água fazendo e desfazendo a terra”
Revoltar-se diante de tal argumentação, é inevitável. Uma vez que grande parte da população mundial já pode observar que o humano vem degradando a natureza de forma que não se enxerga inserido nela, apenas sente-se detentor de todo o recurso que o meio natural tem a oferecer. O resultado disso é o aumento nas temperaturas, poluição atmosférica que torna quase impossível a vivencia nas cidades, diminuição da fauna e da flora mundial, poluição das águas, aumento da temperatura e do nível do oceano, etc. Já é claro que todos esses problemas são causados pela manutenção dessa vida que nós humanos estamos levando. Mas será que temos o direito de agir como destruidores desse mundo? Não é possível pensar em vivermos em equilíbrio com o meio natural assim como as outras espécies de animais, afinal também somos animais?
Não sei exatamente em qual sentido a natureza, a floresta impede o crescimento do país, se é a sua própria existência, esse novo código prevê a derrubada de grande parte dela para abrir espaço à pecuária, à soja, à cana-de-açúcar, produção agrícola que dificilmente chegará à grande parte dos pratos da população brasileira, quiçá, ao próprio trabalhador agrícola que ainda é escravizado nos campos brasileiros.
O Brasil já pode observar o tombamento quase por inteiro da Mata Atlântica. Sua cobertura original estava presente em grande parte to litoral Brasileiro, cobria do Sul do país ao Nordeste. Hoje está restrita a alguns parques esparsos e lugares onde tornava-se inviável o cultivo de qualquer outra coisa, como a serra do mar em São Paulo. De sua cobertura original sobrou apenas 5%, todo esse território devastado foi destinado em sua época ao cultivo do café e da cana-de-açúcar, principalmente. Hoje muitas terras estão esquecidas e improdutivas no Vale do Paraíba, por exemplo. Ao visitar essas áreas tem-se a impressão de uma viagem a história, apenas, pois foi o que de fato restou.
Nesse contexto, podemos dizer que a história poderia nos ensinar algo. Mas ao deparar-se com tamanho desprezo a biodiversidade nacional, como essa nova proposta de Código Florestal, é incompreensível imaginar o que se passa nas cabeças de nossos governantes.
Os argumentos feitos pelo deputado Aldo Rebelo para a aprovação do código são muitos. E em sua maioria são negativos a preservação ambiental. Em um dos trechos relata que o atual código sufoca o pequeno agricultor que deve destinar grande quantia de suas terras cultiváveis à Reserva Legal, que seria uma área proporcional ao tamanho da propriedade em que a floresta nativa deve ser preservada. Considerando que pequeno produtor é aquele agricultor que possua terras de até 50 hectares, ou 50 campos de futebol. No novo código os pequenos produtores ficariam isentos de destinar parte de suas terras a preservação ambiental, sendo que o deputado considera pequeno produtor o agricultor que possua até 400 hectares, ou 400 campos de futebol.
Considerar que uma propriedade de 400 hectares é pequena propriedade chega a ser uma ofensa ao brasileiro. Uma vez que grande parte das terras brasileiras possuam até 400 hectares, veríamos nesse aspecto, grande parte da biodiversidade brasileira sucumbir. É evidente que o interesse de uma minoria poderosa brasileira está diretamente ligada a tal processo de mudança do código florestal. São os latifundiários que estão sufocados pela lei atual, latifundiários que possivelmente estão envolvidos com a aprovação do código e que estão envolvidos com a extração de madeiras nobres na região e com a morte de lideranças locais a favor da preservação. Esse crescimento e desenvolvimento da agricultura não irá atingir a população que passa fome. O problema da fome não está na produção de alimentos, uma vez que a produção brasileira seria capaz de alimentar os brasileiros mais de uma vez, o problema está na distribuição dos alimentos que não chega a quem deve chegar.
Outras propostas feita pelo novo código vão de encontro a preservação da biodiversidade brasileira. Como a diminuição da preservação das matas ciliares, aquelas no entorno dos rios e córregos d'água, elas são essenciais para garantir a integridade das águas contra os insumos agrícolas e para garantir contra o assoreamento dos cursos d'água. A nova proposta é a diminuição da largura dessas matas e inclusive poderá ser plantada na região árvores de eucaliptos, que não são nativas brasileiras, degrada o solo e pode ser explorada pelo produtor. A mata ciliar é essencial também para a preservação das nascentes que garantem água aos rios, a retirada da mata resultaria no desaparecimento do curso d'água.
Como dito anteriormente, as leis não garantem a preservação, isso é verdade uma vez que vemos diariamente as linhas avançadas de desmatamento na Amazônia. Principalmente nos estados do PA, MA, MT e AC, a fiscalização faz-se cega perante o quadro atual. Com o desmatamento instituído pelo novo código, a floresta que conhecemos viraria passado, abriria espaço para campos de soja, milho, cana-de-açúcar e a pecuária.